terça-feira, 29 de janeiro de 2013



Passei pelo José Soeiro hoje, no Carolina. Tivesse eu previsto e teria quiçá parado para o cumprimentar, com um sorriso, uma palavra de incentivo.


Passei já algumas vezes por personalidades conhecidas. Passei pela Merche Romero cheia de sacas na baixa portuense, pelo Pedro Abrunhosa ao telemóvel no Via Catarina, pela Manuela Azevedo que brincava com a filha em Serralves. Isto de viver no centro do Porto faz com que aqui e ali se encontrem algumas personalidades famosas. E como o Porto é pequenino, eu diria que é um bairro apenas. E no entanto nunca me despertou a vontade de me apresentar a tais ilustres personalidades. Não me passaria sequer pela cabeça interromper o decurso de seu tempo livre, junto das pessoas importantes da sua vida, para ir lá e dizer "olá, sabe, aprecio muito o seu trabalho" ou um histérico pedido de autógrafo (que idade teria eu, afinal?). Apesar de considerar que o reconhecimento público é parte integrante do seu trabalho, tratando-se de figuras da televisão, das artes do espetáculo ou da música, não interromperia o normal decurso de suas tarefas, obrigando-os a encararem-me numa tentativa disfarçada de chamar a atenção sobre mim própria sob a forma de reconhecimento ao seu talento.

Ao José Soeiro já o tinha encontrado casualmente, a trabalhar no seu 'laptop' numa tarde solarenga no Palácio. 

E no entanto aquilo que me despertou a vontade de voltar atrás, fitá-lo com um sorriso e dizer o quanto tinha apreciado a sua intervenção no programa deste domingo, foi uma espécie de sensação de reconhecimento e familiaridade. Actores e actrizes, cantores e cantoras que me perdoem. Não vos abordarei jamais de forma histérica, ainda que vos encontre a passar à minha porta de casa. E no entanto não dispensaria uma palavra de alento e reconhecimento àqueles que tanto têm lutado pelo nosso país, numa situação difícil como esta em que nos encontramos. Ideologias à parte, não sou filiada em qualquer partido político, convém dizê-lo. A verdade é que me revi em cada palavra proferida por José Soeiro, em nome dos jovens, em nome dos desempregados e de todos aqueles que se preocupam com o futuro do país.

Acho que falta reconhecimento a quem tenta, contra a maré, mudar vícios e abrir mentalidades, algo muito mais meritório talvez (e peço desculpa novamente mas a minha consciência assim o dita) do que desfilar para uma câmera, ou ter estilo enquanto se solta algumas notas.

Cada um deve fazer aquilo que gosta, está certo. E no entanto só cantores, actores, jogadores de futebol reconhecidos mobilizam as pessoas. Nada contra os artistas ou jogadores, nada mesmo, mas honestamente não chega. Quem diariamente luta para que venham a ter mais direitos, quem repensa o Estado da Nação, para que possam sonhar com um futuro melhor, quantas vezes passa ao lado de tantos, no metro, na rua, numa esplanada, invisível a todos. Na sociedade que idealizo, pessoas assim que trabalham pela mudança, seriam cumprimentados e louvados por cada um que encontrassem, porque a dedicação a causas colectivas deveria merecer o reconhecimento de todos.



PS- Já agora... Não voltei atrás. Talvez num mundo tão diferente daquele que idealizo acabasse por ser  mal interpretada. Prometo fazê-lo da próxima vez.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Antibióticos e outros erros que tais



"Estudos revelam que antibióticos administrados a bebés podem levar à obesidade."
Ora mas que bem. Finalmente alguém descobre a pólvora.
Há anos que assisto a um cuidado impressionante dos pais com as suas crias, os ditos pais superprotectores que sempre procuram o melhor para o seu filho e que se por sua vontade teriam o seu pequeno tesouro trancado num quarto envolto num véu inexpugnável, não vá algo lhe cair em cima mesmo dentro de casa. Após anos e anos de pais admiravelmente zelosos - porque não vás praí, aí é perigoso!  lavar as mãos com álcool por causa dos germes! Ficas em casa que é mais seguro - e no entanto sempre ávidos de satisfazer até a mais pequena vontade da criancinha - tome lá um chocolatinho, veja o que a mãe lhe comprou, um pacote de 1 kilo de suculentas gomas!- tudo isto sem que a criança nada reivindicasse. Dar a provar uma goma porque a criança armou um berreiro impressionante ao ver que a coleguinha de escola já provou e também ela não quer ser diferente, curiosidade tão natural para a sua idade, acredito que haja ocasiões em que é difícil para um pai negar. Mas aquilo a que há anos se assiste é a uma intoxicação completa, é colocar a goma na boca da criança sem que esta o tivesse pedido, e depois das gomas os refrigerantes a cada refeição, os gelados a toda a hora, e no fim de tanta asneirada quando ficam doentes, vá de antibióticos prá goela, que faz tão bem ao menino. Nem mesmo os recém-nascidos são poupados nesta selvajaria farmacológica.

Alguém entende esses pais? Precisam eles de uma boa dose de educação antes de estarem aptos a educar um outro ser. Talvez tenham consumido flúor em excesso na infância. Perdoem-me a franqueza.